Enquanto o silêncio de minhas palavras, busco um auxílio. A movimentação
em redor não para e o barulho é enlouquecedor, mas nada ouço, meus olhos
calados apenas observam.
Sozinho, interrompo o silêncio com minha voz e procuro. Retenho as
palavras, retenho os olhares. Talvez não faça sentido, pode parecer sem
propósito como um retalho de frases pela metade, mas é apenas o meu eu sincero.
O ciclo se refaz, a lucidez se reconstrói. O princípio é exasperante,
logo após, me desfaço em um ânimo fugaz até avistar as flores da primavera e o
sol de brilho diferente que penetra meus olhos. É então que olho ao redor e
vejo tudo que foi dito e tudo que busquei como um quebra-cabeça quase completo.
Eu talvez descreva como silêncio, o silêncio da espera, o silêncio do
olhar, da análise cuidadosa e demorada, o silêncio da mudança.
O ânimo explosivo e precipitado em calmaria, mas confesso, tudo se
repete e a paciência se perde, se perde pelo desespero e pelos olhos. Digo que
não quero, mas quero a serenidade e lucidez que sempre descubro à primavera, e
sobresta não é metáfora.
Uma atitude se cobra. Um passo de cada. Olho para frente, olho para
agora. Saber pôr um pé na frente do outro e respirar.
Falo, falo e logo calo. Deixo minhas palavras pela metade como se as
engolisse subitamente, e ficam as perguntas nos olhares. O cuidado para não
soprar promessas, para não jogar palavras ao vento. O que diria em público,
agora em secreto, mas como um pedido, como um anelo de mudança, enquanto silêncio,
à luz da fresta da janela.
Busco palavras amigas, ou apenas aliviar a garganta, mas ninguém
encontro. Há momentos de solidão, há momentos de abandono, momentos de
autodescoberta. Não. Não sozinho. Há alguém ao lado a espera de minha voz,
lembrei agora, enquanto silêncio, à luz da fresta duma janela.
Lucidez. Havia esquecido tudo que foi dito e o que havia pedido.
E eis outros momentos no coração para avistar outros alvos, que se unem
em outro tempo que não avisto. Propósitos que seguem sozinhos em um alvo comum,
tornando-se um ao amanhecer.
Já parece não haver sentido, mas há em tudo que agora vejo embora não
veja o fim, mas sigo olhando para o alvo, lembrando das palavras outrora
lançadas, alcançar pela fé.
- 20:22
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