O quer é apenas birra
de uma criança fingida, que finge ser gente grande, para fingir ser maduro,
para fingir outra infinidade de coisas fingidas, para continuar querendo para
um dia não mais querer. Mas ainda não toca.
Quer para fingir ter e
esquece que não tem. Quer, lembra que não tem e faz cara feia.
Querer é tolice, é
olhar para o que não tem e gritar "eu quero, eu
quero!" Quando tem não quer mais, quer o que tinha antes, quer outra coisa e permanece a escolher o que quer, e não quer.
quero!" Quando tem não quer mais, quer o que tinha antes, quer outra coisa e permanece a escolher o que quer, e não quer.
Não recebe de bom grado
porque quer outra coisa. Faz de conta que gostou, joga fora e põe a tampa da
lixeira sobre o coração de outrem. Joga fora objetos, joga fora pessoas, joga
fora pessoas-objeto; joga tudo fora porque não quer, joga fora porque quer...
Tem a noite, quer o
dia; tem o dia, quer a noite e volta a querer o que tinha antes e já não quer
outra vez.
Apenas o ciclo de quem
necessita ter algo único e pensa que quer, mas não sabe o que quer e pensa
querer tudo sem se saciar, sem parar, e cada dia mais a crescer o vazio por
tanto querer. Quer se saciar sem saber como.
Quanto mais quer mais
amargurado fica, mais frustrado. E continua a querer, e quanto mais quer, mais
sente o âmago amargar e mais sente o buraco negro a por dentro engolir e deixar
apenas o vácuo.
Algo lhe falta, mas não
sabe o que. É um vazio sem descrição, o porquê de tanto querer. Necessita de
algo grande o bastante que não precise mais ser saciado. Mas não sabe o que é,
e continua a experimentar, querer, experimentar e se destruir, se autoconsumir.
A necessidade de ter,
de querer, de ter e destruir, a paisagem ao redor e a si mesmo, ao seu corpo, a
sua mente e a sua alma.
Dentro do pequeno ser
há um espaço mais que infinito para que seja completado por algo maior que o
infinito, perfeitamente. Assim deixa de querer o pó da terra, o pó que o
transcorrer do tempo leva, para querer o que suas mãos não podem tocar, para
querer o que a sua mente não pode enxergar. Um separanto querer. Esperança.
Rodrigo
Santos.
- 11:27
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